
Todos os dias cada um de nós cuida de si, da sua imagem e do seu corpo, num momento privado de todos e quaisquer olhares alheios. Refugia-se naquilo que pensamos ser “apenas nosso” para reforçar a sua identidade, tendo assim comportamentos que não partilham com mais ninguém. Contudo, aquilo que julgamos de mais intimo e impartilhavel é o que temos de mais comum no outro. Todos queremos privacidade, todos temos a nossa intimidade e todos a escondemos. Quando se encontra alguém presente no nosso, momento intimo, ficamos constrangidos e mudamos a nossa atitude, como se a nossa identidade caísse ao chão. Tentamos não ser nós próprios, pois julgamos que estes momentos são desagradáveis e não se devem fazer na presença de outros, quase como se fosse incorrecto e proibido, um segredo apenas nosso.
São estas as regas que a sociedade impôs e nem sequer nos questionamos sobre isso, tornaram-se parte da nossa vida que é tão programada e repetitiva. Esses momentos tão íntimos na vida das pessoas, são na maioria das vezes, dentro que quatro paredes, num local fechado, e sem ninguém, onde nos sentidos seguros e isolados do mundo, para desta forma estarmos à nossa vontade. Mas porquê? Porquê esconder aquilo que toda a gente tem e toda a gente vê? Porquê fazer um segredo daquilo que é o mais comum na vida das pessoas?
Talvez não tenhamos resposta para estas perguntas, mas na verdade continuamos a ser assim, à privar o mundo da nossa intimidade.
Contudo é nos momentos mais íntimos da nossa vida, que conhecemos melhor o nosso corpo, nos relacionamos, ou não, melhor com ele, e desta forma passamos a conhecer-nos melhor e simultaneamente, de uma forma inconsciente, é possível observar como a nossa identidade é visível e transparente, através da nossa postura, da nossa atitude e pelo acto em si. Mas curiosamente é aquilo que mais escondemos.
Para mim, o mais importante, foi quebrar com essas regras impostas pela sociedade, e tornar publico aquilo que é privado. Para isso representei várias situações intimas, com a presença de terceiros por sua vez mostram-se indiferentes aos actos, banalizando assim um momento tão privado. Tive a necessidade de pensar sobre este assunto que se parece tão distante no nosso quotidiano, mas na realidade esta presente em todos os dias das nossas vidas.
Escola Artística Soares dos Reis - Prova de Aptidão Artística - "Arte, Corpo e Identidade"
( 07/08)