
O barbeiro, frequentado apenas por homens, tende há muito a desaparecer. Aquele que era local de convivo e, simultaneamente, tratamento de beleza parece agora parado no tempo e começa a ser trocado por salões mais sofisticados, com diferente oferta de tratamentos, ou mesmo, pelo trabalho caseiro. Contudo, é ainda possível encontrar um bom grupo de especialistas em cortes de cabelo e de barba, que resistem à modernidade.
Tudo parece fora de prazo, no entanto, existe ainda um bom grupo de clientes, já vividos, que continuam a frequentar estes locais, para cuidar da sua imagem, e assim ajudam a manter esta profissão tão antiga, ainda viva.
Os barbeiros, são hoje em dia, espaços pequenos e pouco movimentados, com grandes cadeiras em pele de cor neutra, muitas vezes vazias, e ao som da rádio saído pelas colunas, que não se percebe onde estão, e se confunde com o bater das laminas da tesoura em uso. O espelho é o acessório mais carismático das barbearias, é o verdadeiro símbolo narcisista, pois é o objecto que permite ao cliente acompanhar a sua mudança visual ao mesmo tempo que alimenta o “ego” e, simultaneamente, é um óptimo meio para seguir as diversas conversas com o profissional, que já se conhece tão bem, pelos enúmeros anos de frequência do estabelecimento.
O hábito de frequentar barbearias tornou-se comum para os homens, desde a antiguidade e estes além de cortarem o cabelo e a barba também faziam pequenas cirurgias, tal como retirar dentes. No entanto, estas práticas caíram em desuso no século XIX e os barbeiros ficaram apenas encarregues de cortar cabelos e barbear. Esporadicamente, alguns profissionais prestavam também serviços ao domicilio.
O culto pelo corpo e pela beleza é hoje uma questão banal, tanto para mulheres como para homens pois ao contrário do que parece, os homens do século XXI, preocupam-se com a sua imagem. Desta forma, a necessidade de cuidar da aparência e, simultaneamente, de cultivar a auto-estima faz com que continuem a procurar barbearias, mas talvez, as mais refundidas da cidade.
Para cortar o cabelo, desfazer a barba, ou até, fazer a manicure (o que é ainda tabu para o género masculino), o homem continua a frequentar o barbeiro. Desta forma, é notório que a preocupação de culto do corpo está presente em todos os homens que se sentam nas cadeiras de pele das barbearias. Um homem de aparência descuidada já não é bem visto perante a sociedade, contudo, ainda existe algum preconceito por parte do mesmo em assumir que valoriza a sua imagem.


